16.5.11

Perder x Ganhar

Uma
submissa só ganha quando finalmente perde. Sempre defendi isso. E com razão, pois veja, quando a submissa ganha de seu Dominador, o que resta para ela se não o vazio de não poder desafiar para crescer? É bem verdade, que a verdadeira submissa torce pela vitória, sabendo que esta está na própria derrota. Os dois (no meu caso os três) ganham quando ela perde.
Quando "devolvi" minha safeword senti um peso enorme sendo retirado dos meus ombros. A confiança e a vontade de me sentir livre e totalmente entregue me acertaram como a um apostador de megasena. Eu fui tão feliz naquele momento que dormi como criança, coisa que a muito tempo não acontecia.
A grande verdade, no entanto, era que até então não tinhamos de fato feito uma sessão sem a safeword ainda e como eu já imaginava, isso iria bater de frente com meus issues de controle, entrega e vulnerabilidade. De uma certa forma, a gente nunca está preparada para o baque que é bater de frente - não com seus Dominadores - mas consigo mesma. Não é um grande segredo pra ninguém que eu sou um pouquinho (haha) masoquista e que eu aguento um bocado quando se trata de dor. Só que, quando mexem com seu controle a coisa muda. O fato de não ter uma safeword me fez desejar uma de forma impressionamente quando eu percebi que meus Dominadores iriam me empurrar por um precipício. A dor física em si não foi grande, como eu disse, não é segredo, eu aguento muito mais do que apanhei ontem, mas não se tratava de dor apenas, mas sim de perder.
Apanhei, e o desespero de não poder sair da situação, a vontade de simplismente me sentir no ponto de segurança de novo, a dor do novo foram quase insuportáveis. Cada "ai", não era de dor física, mas sim um pedaço do meu orgulho que deixava meu corpo de uma maneira que talvez nem Eles sejam capazes de entender agora.
Quando a primeira lágrima caiu e eu segurei com todas as forças, achando tolamente que ela ia parar antes de me empurrar por um limite, ela continuou e dessa vez bem mais forte. O choro foi liberado e com ele talvez todo resto de orgulho que me restava.
Eu olhei para ela, ordenada pelo comando de sua voz e ouvi a seguinte frase: "Você sabe que tinha que ser assim, se eu parasse antes, você não ia sentir alivio, não estou te batendo pela dor, mas sim para você quebrar".
E aí, eu percebi o quanto ela me entendia melhor do que eu mesma ao ponto de prever meus desejos, impulsos e necessidades mesmo comigo negando a altos pulmões. O olhar Dele pela primeira vez foi compreensível pra mim. E me doeu perceber o quanto eu me neguei a uma coisa a qual eu já pertencia. É assustador o quanto Eles me tem e me entendendo dessa forma realmente, dignos de ter! Eles estão no meu mundo tanto quanto alguém pode estar. E eu me senti tão segura e protegida por estar naquela situação de acolhimento, entendimento e atenção que não tinha safeword no mundo que valesse o peso daquele ouro.
Não vou falar o resto de práticas que aconteceram, porque de fato, não são importantes aqui neste momento, mas digo o seguinte: Ninguém pode entender o como eu estou feliz e entregue nesse momento. Se tenho minhas dificuldades, pudores e limites? Tenho sim, alguns tão grandes que nem podem ser tocados ainda. E sabe de uma coisa? Nem ligo, porque antes mesmo de eu saber o que eu preciso...eu ganho :)
A coleira no meu pescoço agora se torna um mero simbolismo BDSMista de algo muito maior que isso: uma marca enorme gravada com as letras S.E. que carrego no meu coração todos os dias, aonde quer que eu vá.

Um comentário:

  1. Lindo, lindo, lindo, LINDOOOOO!!!!!... saber que, finalmente, você encontrou o que procurou por tanto tempo! Se você encontrou ou foi encontrada, é difícil saber... o importante é esse sentimento sublime que está saindo pelos seus poros agora.
    Te amo e te admiro mais e mais, best!
    Um beijo uva rubi em sua alma.

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