24.5.11

no Petshop

 Depois que saí do trabalho resolvi que precisava passar no supermercado para comprar as coisas da dogplay já que eu sabia que não teria mais tempo durante a semana. Tudo bem, fui até o supermecado, estacionei o carro e entrei logo no setor de pet shop. Paro na frente das coleiras e das guias com cara de pânico e solto um risinho sozinha.
Como eu tinha que pagar um mico, para um senhor do meu lado e começa a olhar uma guia também. Enquanto ele olha os preços e compara, eu pego uma coleira e forço na mão para ver se é resistente. Ele pergunta: Que cachorro você tem? Olhei para ele branca e morri. É uma daquelas perguntas que você reza para não ouvir quando está comprando material para uma dog. A vontade foi falar: amigo, vc está olhando para a cadela! MAS...viro para ele e respondo: É um labrador.
Obviamente, ele não ia parar de conversar por aí e diz: Nossa, mas essa guia tem amortecedor, leva só a grossa, labrador é manso.
Eu mordo a lingua e falo: Não é não moço, a minha cadela trucida as coleiras dela, ela é rebelde, quanto mais apertada a coleira melhor. Ele ri e continua olhando. Eu coloco uma coleira no carrinho e ele diz: Essa daí é forrada, se ela é tão teimosa compra uma só de couro. Aí eu disse: Não moço, é que eu ainda tenho pena do pescoço dela.
E saio do setor pensando: Essas coisas só acontecem comigo...

19.5.11

A vigia

Era uma vez uma artesã que trabalha no ponto mais alto da cidade. De sua janela, ela sempre via tudo que estava vindo e por isso começou a alertar a população da cidade como um favor sobre tudo que acontecia.
Vem vindo uma tempestade, feche a janela. E todos a ouviam e eram gratos por isso. Todos os eventos eram previstos e avisados e todos na cidade ficavam mais protegidos.
A ignorância do povo no entanto, começou a falar mais alto. Vem vindo bandidos, avisava. E as pessoas iam para o outro lado da calçada, a evitavam e tapavam os ouvidos. Ela começou a ser tratada muito mal e isso a incomodava. Ela se sentia punida por falar demais. Bandidos, por favor, se protejam! Porém, quanto mais ela falava, mas as pessoas a tratavam como a última das criaturas da Terra.
Em uma decisão para seu próprio bem ela decidiu que não avisaria mais nada e passaria a ser gentil e amável, sem nunca mais revelar o que iria acontecer.
Não acontece nada hoje? Não, ela respondia. Está tudo ótimo.
E ela foi chamada de covarde e permaneceu na culpa e a cidade infeliz.

Fim.

16.5.11

Perder x Ganhar

Uma
submissa só ganha quando finalmente perde. Sempre defendi isso. E com razão, pois veja, quando a submissa ganha de seu Dominador, o que resta para ela se não o vazio de não poder desafiar para crescer? É bem verdade, que a verdadeira submissa torce pela vitória, sabendo que esta está na própria derrota. Os dois (no meu caso os três) ganham quando ela perde.
Quando "devolvi" minha safeword senti um peso enorme sendo retirado dos meus ombros. A confiança e a vontade de me sentir livre e totalmente entregue me acertaram como a um apostador de megasena. Eu fui tão feliz naquele momento que dormi como criança, coisa que a muito tempo não acontecia.
A grande verdade, no entanto, era que até então não tinhamos de fato feito uma sessão sem a safeword ainda e como eu já imaginava, isso iria bater de frente com meus issues de controle, entrega e vulnerabilidade. De uma certa forma, a gente nunca está preparada para o baque que é bater de frente - não com seus Dominadores - mas consigo mesma. Não é um grande segredo pra ninguém que eu sou um pouquinho (haha) masoquista e que eu aguento um bocado quando se trata de dor. Só que, quando mexem com seu controle a coisa muda. O fato de não ter uma safeword me fez desejar uma de forma impressionamente quando eu percebi que meus Dominadores iriam me empurrar por um precipício. A dor física em si não foi grande, como eu disse, não é segredo, eu aguento muito mais do que apanhei ontem, mas não se tratava de dor apenas, mas sim de perder.
Apanhei, e o desespero de não poder sair da situação, a vontade de simplismente me sentir no ponto de segurança de novo, a dor do novo foram quase insuportáveis. Cada "ai", não era de dor física, mas sim um pedaço do meu orgulho que deixava meu corpo de uma maneira que talvez nem Eles sejam capazes de entender agora.
Quando a primeira lágrima caiu e eu segurei com todas as forças, achando tolamente que ela ia parar antes de me empurrar por um limite, ela continuou e dessa vez bem mais forte. O choro foi liberado e com ele talvez todo resto de orgulho que me restava.
Eu olhei para ela, ordenada pelo comando de sua voz e ouvi a seguinte frase: "Você sabe que tinha que ser assim, se eu parasse antes, você não ia sentir alivio, não estou te batendo pela dor, mas sim para você quebrar".
E aí, eu percebi o quanto ela me entendia melhor do que eu mesma ao ponto de prever meus desejos, impulsos e necessidades mesmo comigo negando a altos pulmões. O olhar Dele pela primeira vez foi compreensível pra mim. E me doeu perceber o quanto eu me neguei a uma coisa a qual eu já pertencia. É assustador o quanto Eles me tem e me entendendo dessa forma realmente, dignos de ter! Eles estão no meu mundo tanto quanto alguém pode estar. E eu me senti tão segura e protegida por estar naquela situação de acolhimento, entendimento e atenção que não tinha safeword no mundo que valesse o peso daquele ouro.
Não vou falar o resto de práticas que aconteceram, porque de fato, não são importantes aqui neste momento, mas digo o seguinte: Ninguém pode entender o como eu estou feliz e entregue nesse momento. Se tenho minhas dificuldades, pudores e limites? Tenho sim, alguns tão grandes que nem podem ser tocados ainda. E sabe de uma coisa? Nem ligo, porque antes mesmo de eu saber o que eu preciso...eu ganho :)
A coleira no meu pescoço agora se torna um mero simbolismo BDSMista de algo muito maior que isso: uma marca enorme gravada com as letras S.E. que carrego no meu coração todos os dias, aonde quer que eu vá.

12.5.11

Pensamentos II

Acho que no fundo nós a punição nunca é dada por terceiros. Apartir do momento em que você se importa, você mesmo se pune. Falamos muito de treinamento SM, de regras, de obediencia, da dominação psicológica e de teorias que eu geralmente não considero como cabíveis neste nosso mundo. Para ser muito sincera, nunca comprei muito a idéia da dominação psicológica. Pelo menos, não até agora.
Quando começamos a ter um conjunto de normas que impossibilitam você, a submissa, de fazer ou agir de determinada forma tudo muda. Não importa o tipo de restrição, a idéia é a mesma: o treinamento de obediência. Obedecer no BDSM é a idéia de "você é minha e portanto eu mando em você". Pode parecer simples e cruel, mas a idéia é essa. Não precisamos ser justos ou ter motivos (além de sadismo ou desejo) para que seja assim.
Eu tinha um regra. Infelizmente, o meu processo de descoberta e desafio estava em um ponto alto, o que não justifica de forma alguma, mas me dá um chão por onde começar a entender meu erro. Se é que isso pode ser considerado um erro..talvez o meu pior defeito seja me cobrar demais, mas isso não vem ao caso agora.
Bom, quando uma regra é quebrada, as coisas mudam de ângulo e é essa insegurança que me cerca agora. Em uma nova relação como definir ou determinar qual peso cada desvio desses tem? Sei o que você pensou: conversar. É, concordo, mas quando não te dizem nada? Fica apenas um vácuo infinito onde nada é dito porque as pessoas simplismente acham divertido ou sádico ou só não estão com saco de falar. Pois é, o BDSM nem sempre é um mundo justo! É como ser julgada por um crime e não poder estar presente no próprio julgamento. É assim que me sinto.
Claro, não vou ser abusada o suficiente para dizer que não mereço. Por mais que eu tenha tentado controlar e o erro seja um resultado de uma falta de controle físico (falta de treinamento mesmo), não muda o fato de que aconteceu, não importa como.
O silêncio sempre foi o fim para mim. Costumo ser sincera demais, e talvez isso tenha que mudar também, para o meu proprio bem, talvez precise começar a selecionar minhas palavras até obter o retorno necessário.
Ontem, ao conversar com uma amiga do meio sobre essa sensação de incerteza, ela me disse para esperar porque é dificil e sempre foi para as pessoas me dominarem. Mas eu me pergunto esperar até quando? Não vou cobrar respostas, mas também não posso ficar em um ponto onde nada é dito, ou tudo é dito por tempo demais.
Sim leitores, talvez ser treinada não seja tão simples e - não duvidando da capacidade daqueles que me possuem - demore mais tempo do que imaginei. O que vai acontecer? Não sei. Simplismente não sei. Se me importo? Bom, está me doendo e muito e talvez essa seja a pior punição por eu ser IDIOTA O SUFICIENTE PRA PERMITIR QUE COLOCASSEM UMA PORRA DE DOMINAÇÃO PSICOLOGICA EM MIM!
Mas a escolha de entregar tanto foi minha...o erro foi meu...
mas eu só espero que não doa mais do que já está doendo...

Não sei na verdade, desde ontem não sinto vontade de nada. É como se meu corpo já não me pertencesse a um ponto que nem quero mais encostar nele, com medo de produzir o mínimo arranhão em uma propriedade alheia.
Ao mesmo tempo, me sinto no corredor da morte, onde ninguém fala comigo por ser totalmente fora dos padrões sociais. E eu não quero mais...e fui tola de acreditar que podia jogar assim. Antes não tivesse nem encostado em mim durante toda proibição, ou talvez, mentido. Só que infelizmente, eu sou tola demais até pra isso. A pior punição é minha sempre, agora a deles, tem ou não o poder de terminar o que começei.

Se estou preocupada? Não. Se confio? Sim.
Se tenho dúvidas? Tenho. Muitas
Se elas vão ser respondidas? Com certeza não.

Espero o silêncio acabar e espero que seja logo, porque a parede já começa a subir novamente.
Mais um vez, estou no ponto sem volta..é agora, ou agora....

11.5.11

Incertezas

Talvez eu seja muito idiota mesmo. Talvez eu tenha entendido tudo errado Talvez eu seja a errada. Talvez esse seja meu limite. Talvez eu nem sirva pra ser treinada. Talvez eu não seja tão bonita ou tão capaz. Talvez eu esteja só chateada. Talvez o erro tenha sido meu. Talvez não tenha havido erro algum. Talvez as pessoas não vejam o que eu sou. Talvez o que eu sou nem seja capaz de ser compreenddo. Talvez nada mude. Talvez tudo mude radicalmente. Talvez eles consigam. Talvez eu seja capaz. Talvez o mundo simplismente não seja o local apropriado. Talvez o apropriado não exista Talvez eu aprenda. Talvez eu só aprenda errando. Talvez eles nem me perdoem. Talvez eu seja burra demais a ponto de me importar. Talvez eu me importe quando goste. Talvez eu goste de me importar. Talvez eu só esteja cansada da mesma guerra. Talvez isso seja eu soltando a guia. Talvez dê tudo errado de novo. Talvez dessa vez dê certo. Talvez a guia já não seja mais minha mesmo. Talvez tudo se acerte. Talvez eu consiga ficar no nível das expectativas. Talvez seja falta de apanhar. Talvez seja falta de conversar. Talvez seja falta de falar. Talvez seja falta de me impor. Talvez seja por me impor demais. Talvez as coisas sejam mas simples do que parecem. Talvez eu tenha estado certa o tempo todo. Talvez eu escute demais de novo. Talvez eu não escute nada. Talvez eu seja punida. Talvez seja melhor ter algo físico. Talvez a dor me faça pensar. Talvez o meu pensar só se inicie na dor. Talvez eu precise de fato pensar. Talvez entregar minha safe tenha sido a melhor coisa que já fiz. Talvez toda essa insegurança seja boa. Talvez eles nem me queiram mais. Talvez seja só um teste. Talvez seja só uma fase. Talvez seja só mais um erro que vai passar.
Talvez, talvez...de nada sei.

5.5.11

Adeus, adeus!



Acredito fielmente em sonhos. Se eu vivo um ou não já não importa, ou, pelo menos já não importa tanto quanto importou no passado. Se o sonho é realidade, ou deixa de ser, para mim é tudo apenas um ponto de vista relativo. Assim como tudo é relativo, sei que meu sonho representa verdadeiros pesadelos aos olhos de terceiros.
Não sei se posso confirmar ou negar a dor, ela existe, muito embora as vezes seja gostosa demais para afastar. A vida é construida assim e seria hipocrisia minha negar que não gosto da vida como ela é. Se eu escolhi a dor por masoquismo ou não, também não importa, se vai doer, prefiro que seja ao meu jeito.
Sinto-me em um jogo e prefiro assim. A vida é um perfeito jogo de xadrez onde o xeque-mate é apenas uma vitória temporária de um grande campeonato de teatro. Pessoas fingindo ser submissos, fingindo ser pessoas, fingindo gostar do submundo que a vida lhes apresentou.
Ora, se só se é o que se é, então se nasceria o que se deve ser. As pessoas e suas devidas determinações nascem e são moldadas. Seria errado então desejar o que se sonhou mesmo que isso vá de encontro a tudo que lhe foi ensinado? Ou seria errado não desejar o que sou, sabendo que quando me nego sou infeliz?
Gosto da dor! Alguém me acuda! Danço comigo mesma em uma valsa infinita de um ritmo apaixonante e desesperador em frente a uma platéia de pobres plebeus que aplaudem e esfaqueiam com a mesma facilidade que mentem sobre suas paixões.
Gosto da dor! E o que posso fazer se não andar lado a lado com meu carma? As pessoas me perguntam sobre meu destino e eu digo de peito cheio que só sei o que sei e não faço adivinhações pois o que tenho me basta.
A felicidade momentânea, ou a tristeza passageira, são o mesmo! Escolhi um caminho espinhoso em que me entregar é tudo que resta. Porque há portas, mas não há saída! A prisão me ganha e me faz assinar cadastros diários com meus Senhores. E o que se pode fazer se não admitir que perdi? E que meu orgulho me perdoe, eu perdi mesmo!
Já não me pertenço ou se existe alguma parte que me pertençe eu abro mão! Já não quero dizer não quando tudo que eu penso é no sim. Já não quero me negar quando tudo que resta é assumir. Já não quero virar as costas pra mim mesma!
E que o meio todo me perdoe...Eu escolhi ser feliz. Fechei o divã, guardei a criança e abaixei os olhos. Só Eles me tem e fora isso, eu escolhi apenas o calabouço. Adeus, adeus!