10.4.11

Relato de um domingo!



Existe algo mágico das primeiras vezes: A primeira conversa, o primeiro toque, a primeira sessão. Era, de fato, a primeira vez que eu iria conversar pessoalmente com os dois que eu sabia que seriam meus Donos.
Nem todos gostariam de ter um casal como Dominadores, é diferente, desafiador e totalmente...louco. Eu ri de mim mesma enquanto me analisava no espelho de casa. Eu estava com um vestido curto demais, salto alto e batom vermelho. Eu nunca me vestia daquela forma e me senti como uma criança com uma fantasia. Uma atriz interpretando um papel.
Cheguei ao local combinado cerca de meia hora antes Deles. Meia hora...ora, meia hora...pareceu um dia inteiro. Acho que só naquele momento senti o quanto eu estava ansiosa. Eu olhava para o teto, imaginando coisas que nem ouso escrever enquanto as pessoas que passavam me olhavam com curiosidade. Fiz questão de vestir meu casaco de couro preto para disfarçar o vestido e evitar olhares avaliadores.
Os pensamentos continuaram me consumindo e logo eu estava quente e impaciente demais. Vários garçons vieram ao meu encontro e eu insistia que estava esperando alguns amigos. Começei a calcular o tempo, contar carneirinhos, pensar em sacanagem...Então o celular tocou. Eram eles.
- Onde você está?
- Onde cobinamos.
- Estamos no restaurante ao lado, venha pra cá.
Peguei a bolsa e cerca de três passos depois, vi os dois de costas, fumando e tomando coca. Cheguei perto e esperei, sendo recebida com um abraço dos dois e logo me sentando. Os dois pareciam ansiosos também e Ela abriu um sorriso muito gostoso.
Ele logo puxou assunto, um assunto que se extenderia pelas próximas horas, mas eu não prestava atenção. Eu só conseguia me concentrar em avaliar os dois em cada movimento. As palavras, já não importavam. Contei todas as histórias de forma automática enquanto observava os dois em cada movimento.
Ele, calmo e ansiosamente contido. Movimentos calculados, respiração compassada (sim, eu contei) e pensamentos que pareciam flutuar ao redor dele. O homem tinha mãos enormes e por quase 10 minutos eu só consegui olhar para as mãos Dele.
Ela já não conseguia se conter tanto. Ela balançava os pés, fumava e sorria gigantemente. Ela era delicada e por Deus, era bonita como a Vênus. Eu a observei com curiosidade porque havia algo nela que acho que ela nem compreende ainda...uma espécia de força totalmente selvagem e não domesticada...
Dizem que três quartos do prazer de abrir um presente é tentar adivinhar o que tem dentro. E foi assim que eles conseguiram me provocar. Ela colocou um pacote cinza em cima da mesa e me disse para abrir dando o conselho de não tirar do pacote o presente. Eu só o abri 3 horas depois para descobrir um plug e um lubrificante. Eu ri comigo mesma e afastei o pacote, ficando um pouco assustada.
Depois de horas e horas de conversa decidimos ir para um motel. Eu me sentia tranquila, calma e o oposto disso...
Olhei os dois e como eles se organizavam. Os dois são parecidos em alguns aspectos: Fumam como chaminé e não são exatamente organizados. Eu andei pelo quarto do motel, fingindo interesse em outras coisas que não eles. Ele me pergunta se eu tinha certeza que queria aquilo. Eu disse que sim, caso contrário, nem estaria ali com eles dois. Ele me manda virar e fechar os olhos. Disse que Ela tinha feito um presente pra mim, e por isso, o segundo presente, Ela que daria.
Obedeci e ela me mandou segurar o cabelo para cima. Senti ela prendendo um colar no meu pescoço e sorri bastante. Olhei no espelho: S.E.
Logo depois disso os dois começaram a se acomodar melhor e me pediram para tirar o vestido do corpo. É... o bendito momento de avaliação. Nunca sabemos se vão gostar ou do que vão gostar...Eles olharam, sem falar muito e logo a Senhora simplismente sumiu para dentro do banheiro.
Eu tinha uma idéia do que viria a seguir. Algo sobre uma limpeza para submissas que já tiveram Donos anteriores. Ele me manda ficar de quatro no chão e eu respiro para obedecer. Ela me chama com o dedinho querendo obviamente que eu vá até o banheiro com ela. Quando chego junto aos pés Dela e lhe dou um beijo ela me diz com a voz feliz:
- Você vai molhar sua calcinha e sutiã se não tirar.
Sem sair do chão, tirei o resto da roupa e fui de quatro até dentro do banheiro. Olhei para o chuveiro aberto e ela me mandou entrar dentro do box. Ele aparece atrás em uma posição que eu não consigo avaliar o rosto Dele e diz para ela:
- Você ensaboa e eu esfrego.
Fico de quatro no chão enquanto sinto que a Dona começa a me molhar com água morna. Ela definitivamente tem a mão mais leve do que eu imaginava mas também existe algo de sádico e torturante em um toque que quase não toca...Acho os olhos Dele, no canto do banheiro, contido...calculado.
Não sei se Eles notaram, mas realmente chega um momento em que você encara a fase nova. Não que eu estivesse presa a fase antiga, mas encarei aquele momento como uma iniciação.
A mão Dele, diferente das Dela, encaram tudo como uma posse. Ele pega tudo mais forte, mas possessivo, puxando mais, arranhando mais.
São sadismos diferentes e que, ao mesmo tempo, se completam tão bem...
É como aquela histórinha da "História de O". Alice, uma menina totalmente entediada com sua vida, vê um coelho de colete correndo no jardim. Ele parece uma ilusão, mas, mesmo assim, ela o segue. Acaba por cair em um buraco negro, mas, dentro deste buraco vive as melhores aventuras de sua vida. Eu me sinto como Alice. Eles são meus coelhos brancos.
Depois de ser esfregada com uma escova que cerdas pouco agradáveis, Ela me tirou todo sabão do corpo e me ajudou a secar rapidamente. Ofereceu-me um roupão e me mandou para o quarto onde Ele me fez sentar na cama. Perguntaram se eu já tinha brincado com velas.
Nunca! Como eu tinha receio de velas! Na verdade, era o medo do desconhecido. Pinguei algumas gotas no braço sozinha e avaliei a dor da vela. Não tinha como saber se eu ia gostar ou não quando a vela já não estivesse mais na minha mão. Deitei de bruços e aí percebi ao primeiro pingo que eu não ia gostar das velas.
A dor da vela, é o tipo da dor que arde, ela não é maçica ou aguda, ela simplismente arde e vai embora antes mesmo de você se acostumar com ela. E aí o Dono resolve que quer tirar a cera com uma faca. Meu pânico inicial foi substituído rapidamente. É...a faca é simplismente deliciosa e dá vontade de deitar e babar. Acho que as velas valem a pena, se tiverem uma faca depois! (Será que vou viciar nisso?)
Aí o Dono inventou de pedir gelo e me mandar derreter. O primeiro copo, tudo bem, tranquilo (muito embora a Dona ficasse me incomodando com a porra da régua na mão). Lógico que depois o copo virou um balde de gelo que foi virado na banheira.
(Me recuso a comentar da moeda tá Donos? rs)
É dificil lembrar as ordens exatas das coisas, porque eu já estava meio fora de mim. Acho que foi aí que levei uns tapas ou me amarraram...nossa, as coisas se misturam deliciosamente na minha cabeça. E aí, apartir desse momento, das cordas ou algo parecido com isso eu entrei em outro mundo. Um mundo só meu. As sensações começaram a se passar como em um filme de tortura e deleite e tudo parecia único, fora de si, louco.
Perdida em sensações só conseguia gemer ou voltar a mim momentaneamente quando puxada para algum lado da cama por uma força maior que a minha. Não, não era o Dono (embora fosse), era simplismente algo mais forte que eu. E não tinha rumo, eu agarrava o lençol e nada me ancorava. Sentia-me em um oceano, puxando um ar...que nem existia.
É como se afogar e querer mais...perder o ar e puxa-lo, só para perder de novo...
Não sei se gozei, se a Dona gozou, se o Dono gozou. Não sei quem gemeu, se fui eu ou se foi Ela...tudo parecia um nuvem só. Tudo era uma casa só. Não se tratava de sexo, ou de nada baunilha, muito menos de 3 pessoas em cima de uma cama. Eramos: Donos e submissa, e simplismente isso.
Fui levada para outro mundo, voltando a mim apenas depois, quando Ele me chamou de volta para a Terra. Ou, talvez, nenhum dos três estivessem mais no mesmo planeta. Talvez, tivessemos de fato sido transportados ao mundo do BDSM (onde acho que estamos até agora).
É essa sensação que ganha a gente: Apanhar e sentir o assopro. Nunca tinha passado por nenhuma relação onde fosse tão bem cuidada e sinto orgulho e prazer em anunciar para o mundo isso. Sou uma sub muito bem cuidada pelos Donos!
E foi isso, simplismente isso e tudo isso. O início dessa nova caminhada BDSM. Se estou feliz? Seria tolo da minha parte querer que caiba em uma palavra só o que eu estou sentindo. Vejo horizontes e isso, no momento, me basta.

2 comentários:

  1. Fico feliz que nossa primeira experiencia juntos tenha te causado tantas sensacoes, embora seja muito triste nao ler sobre a moeda rs. Enfim, espero que todas as nossas experiencias sejam recheadas de sensasoes novas, que deixem um misto de dor e prazer. E saiba que voce sempre sera bem cuidada.
    Sua outra Dona

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  2. Maravilha.... pq vc sabe que gosto de ler tudo o que voçê escreve, se é um fato real então, vc coloca como se fosse poesia...
    Parabenizo humildemente aos DONOS de voçê pela maravilhoisa aquisição, e... obrigada por partilhar.
    um grande beijo em ti, pequena {fox}
    susana

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