11.4.11

O SENHOR DA NEVE


"O mais livre de todos os homens é aquele que consegue ser livre na própria escravidão."
( François Fénelon )


Ele abaixou-se próximo à pegada e passou o dedo de leve no local. Um minuto, talvez dois, Ele concluiu. Não, ela não iria longe e não chegaria à fronteira nunca à pé. Poderia rir pois, de fato, era ridículo ela tentar fugir Dele, um feitiçeiro de 800 anos. A tinha comprado em uma feira local como uma escrava mas a mulher, Ele tinha que admitir, era livre de espírito e isso o intrigava.
Não tivera tempo de conversar com ela e nem lhe perguntar o nome pois ela fugira antes mesmo de alcançarem o castelo e agora Ele a caçava como um caçador caça a um urso marrom. Ela conhecia a floresta, talvez tivesse 25, 26 anos de idade e Ele tinha certeza que ela crescera ali. Isso a dava alguma vantagem mas Ele a farejava e o perfume dela estava perto, muito tempo.
Quando Ele se colocou em pé, com seus ombros largos e sua capa negra sobre a cabeça quase riu ao ver ela correndo desesperada em direção aos pinheiros do inverno. Ela, uma visão em um vestido de veludo vermelho e botas escuras, certamente era um colírio para Seus olhos. A pele dela, quase tão branca quando a virginal neve que caia o encantava-O quase o mesmo tanto que os olhos dela, azuis puros como uma pedra preciosa. O cabelo negro já estava solto por seus ombros e ela corria com dificuldade segurando o vestido.
Ele poderia correr atrás dela mas cruzou os braços e começou a gargalhar da situação. Ela parou de correr, com um arrepio que percorreu sua coluna e O olhou.
- Não há para onde ir pequena escrava.
- Brinque de escravos com seu povo, bruxo. - Ela respondeu bravamente.
- Como é seu nome, garota tola?
- Do que lhe interessa?
Ele deu passos em direção a ela e notou que ela permitiu que Ele se aproximasse. Era bem verdade que se ela corresse sua vida poderia acabar e Ele a tomou como sábia. Chegou perto dela e enrolou um pedaço de seu cabelo liso em Seu proprio dedo indicador.
- Minha.
- Tão sua quanto a lua da noite, bruxo. - Ela O cuspiu mas não correu e nem saiu do lugar.
- Tola.
Ela imaginou que Ele lhe daria um tapa no rosto, ou que lhe gritaria palavras amargas sobre seu comportamento inadequado mas não, Ele apenas sorriu e segurou-lhe o braço levemente.
A caminhada silenciosa até ao castelo de pedra no topo da pequena colina a deixara congelando de frio. Ela imaginou uma sala dourada com ouro e veludo importado mas Ela a conduziu por uma portinhola lateral que caiu em uma espécie de porão sombrio e úmido demais. O lugar, cheio de velas e paredes de pedra rachada, cheirava a alecrim e mofo. Não haviam muitos móveis, uma cama gigantesca com lençois azuis, uma mesa de refeições e um baú de canto, além de várias correntes que se penduravam do teto.
- Ficará aqui. Meu nome é Adônis.
- Brígida. - Encantada com o tom de fala Dele ela respondeu o nome finalmente.
- Brigída. - Ele repetiu. - Me dê suas roupas.
Ela O olhou de forma curiosa.
- Está molhada da neve e vou acender a lereira para que se seque.
Sem tirar os olhos Dele, ela respirou fundo.
- Solte o espartilho.
Ela se virou de costas e Ele quase soltou um suspiro. Habilidosamente, Ele achou as fitas do vestido dela e os puxou. Com uma facilidade enorme, o vestido se soltou junto com a camisola e caiu no chão com um som oco. Ela nua era uma sereia de pele branca e curvas acentuadas.
- Fique com as botas, gosto de você assim. - Ele apanhou o vestido e virou de costas.
- Nunca serei sua.
- Veremos.
Ele bateu a porta com força e ela ficou sozinha, nua e tentando achar uma saída. Por uma, duas, três horas...Ela nem sabia mais quanto tempo fazia. Adormeceu e acordou com os pulsos amarrados em algo que fez um barulho metálico. Abriu os olhos para se descobrir na cama, ainda vestida com as botas negras e com os pulsos fortamente algemados.
- Adônis! - Ela gritou.
- Fugiu de mim. - Ele explicou. - Desafia-me e me chama de bruxo.
- Não serei sua.
- E espera secar suas roupas e ficar como uma convidada sem me dar uma parte de sua pele e juventude jovem Brígida?
Ela se ajoelhou na cama e O encarou.
- Minha.
- Nunca!
Ele lhe deu um tapa sonoro e forte no rosto que a deixou vermelha e furiosa. Antes mesmo que ela pudesse reagir Ele a puxou pelas pernas a fazendo cair na cama e se colocou em cima dela.
- Poderia pussuí-la, aqui, agora. - Ele respirou pesado. - Seria minha antes do nascer do sol da nova manhã mas eu estou tão apertado que a machucaria.
Ela virou o pescoço, mostrando-lhe um lado frágil de seu pescoço.
- Machuque-me então.
- Você se quer sabe as consequencias de seus atos?
- Machuque-me seu engomadinho filho de uma....
Ela a virou de costas depressa e se sentou em cima das pernas dela, segurando com força seu cabelo.
- Isso, me provoque Brígida, fale mais e vejamos o que isso pode ser!
- Vai bater em uma mulher Adônis?
- Não, vou bater em uma escrava.
Ela esperou o tapa, a dor de algo contra sua carne mas então sentiu algo estranho como uma gota fervendo que caia sobre suas nádegas e teve medo. Virou o rosto para trás e o descobriu segurando uma vela. As gotas de parafina caiam uma a uma e ela começou a lutar.
- Seu grande...Oh!
Infelizmente, as palavras não saiam e ela notou que a rigidez Dele se apertava contra suas pernas. Se ela gritasse, se pedisse clemência, Ele a ouviria? Enquanto caiam as gotas e ela gemia, a respiração Dele ficou pesada.
- Ótimo. - Ele disse. - Agora, vamos retirar a parafina.
Ele se levantou e ela quase sorriu. Então, finalmente havia acabado sua tortura. No momento seguinte, porém o achou olhando para ela com uma espécie de vara de madeira fina na mão.
- Está louco! Homem, não pode...
- Diga que é minha e tudo terminará agora.
- Adônis!
- É Senhor para você! - Ele a bateu uma primeira vez. - Diga que é minha!
- Nunca! - Ela gritou.
Três golpes curtos e firmes a acertaram fazendo a parafina voar pelo quarto.
- Diga que é minha Brígida, agora.
- Pare com isso!
Outros três golpes.
- Agora!
Ela deixou escapar uma primeira lágrima e já em desespero se puxou para cima na cama, sendo impedida por outros vários golpes fortes que pegaram também em suas coxas.
- Deixe-me ir! Por favor Senhor, deixe-me ir!
- Não! - Ele gritou. - Você é minha e vai admitir isto antes que a noite termine!
Os outros golpes começaram a deixar ela tonta e algo nela deixou seu corpo.
- Senhor, por favor, não me sinto bem!
- Você e apenas você tem o poder de terminar isso Brígida querida. Admita que é minha. Eu a comprei como minha!
Confusa, ela sacodiu a cabeça em negação.
- Não, eu não sou sua, não posso ser!
- Mas é minha!
Os golpes que vieram a fizeram gritar alto e ela se largou na cama.
- Se entregue pra mim e tudo acabará. - Ele disse a olhando na cama.
Ela, com o cabelo espalhado pela cama, O olhou com temor.
- Não.
- Tudo bem, você quis assim...
Ele se virou para o baú e o abriu, mostrando não um fundo oco, mas uma pequena e curiosa mesa de pregos. Ele a pegou fortemente e a levou para o baú, a atando com fitas de couro em cima da pequena mesa.
Ela gritou pela dor e pela surpresa. Enquanto Ele a apertava em uma posição de quatro com o ventre apoiado nas proprias coxas ela começava a ceder. Não iria suportar a dor por mais muito tempo. Ao mesmo tempo que sentia os pregos afundando devagar em sua pele ela desistiu.
- Senhor...
- Ficará aqui.
Ele se sentou atrás dela e ela se deu conta que estava totalmente exposta para Ele.
- Eu sou sua, por favor me solte eu não suporto mais!
- É minha?
- Sim, eu sou sua, por favor Senhor, tenha clemência!
- É minha pela dor ou por medo de que eu veja mais do que sua nudez?
- Eu sou sua porque o Senhor me comprou...não. - Ela sacodiu a cabeça chorando. - O Senhor me ganhou.
- Boa menina...
A mão Dele a acariciou pelas coxas e então a encontrou quente e úmida. Ela, traída pelo proprio corpo se envergonhou e abaixou a cabeça quase se esquecendo dos pregos embaixo dela.
- Realmente, parece que cedeu a mim Brígida. Então Brígida, deseja ir agora?
- Eu...sim. - Engoliu seco. - Desejo.
- Diga a verdade. Diga a verdade para Seu feiticeiro.
As lágrimas corriam livres pelo rosto dela. E o que ela poderia dizer?
- Deseja ficar, não deseja Brígida?
- Sim Senhor.
- Deseja ser possuída, aqui, agora?
- Desejo Senhor.
- Vou lhe machucar.
- Oh, por favor Senhor, me machuque! Não me deixe só no desejo!
Ele soltou um meio sorriso e a penetrou de uma vez só fazendo ela gemer alto. Ela não se importou com os pregos, e nem com o corpo dolorido. Era possível que se sentisse livre daquela forma?
O corpo Dele, junto com o dela em uma dança confusa a deixou pasma de dor e tesão que percorria seu corpo e deixava seu rosto vermelho e transformado. Ele gozou rápido, saindo dela no momento em que ela gozou também.
- Vai ficar aqui.
- Não vai me soltar? - Ela perguntou aflita.
- Não. Uma criada o fará em breve.
- Uma criada?! - Ela tremeu ao pensar na ideia de alguém a achar naquela situação.
- Exatamente, até a noite minha Brígida.
Boquiaberta ela o viu sair e sorriu ao ver na pequena janela o sol surgindo no céu. Ela gargalhou quase preocupada. Tinha gostado da noite e se sentia estranhamente Dele e livre. Quando a criada alta e bonita entrou no quarto e a viu amarrada no baú de pregos e exposta, Brígida mordeu os lábios e esperou.
- É a nova escrava do Senhor?
Ela pensou soprando um fio de cabelo do rosto. Podia dizer que não, mas porque ela mentiria sobre sua súbita liberdade naquela prisão?
- Sim, eu sou a nova escrava do Senhor Adônis. E você, quem é?
- A esposa Dele. - Explicou. - Durante o dia, você é minha...
- Adônis seu grande...
Brígida viu a mulher loira se aproximar e sua pele esfriou de medo novamente.
- Que bom, Ele já te deixou amarrada pra mim! Antes do escurecer Brígida, você será minha...

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